segunda-feira, 4 de abril de 2011

1976 - Diretamente do baú da Globo

créditos para: http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-257338,00.html

PLANETA DOS HOMENS

Criação: Max Nunes e Haroldo Barbosa
Redação: Hilton Marques, Afonso Brandão, J. Rui, Jô Soares, Sérgio Rabello, Afonso Brandão, Redi, Alfredo Camargo, Luís Fernando Verissimo, Jésus Rocha, Alfredo Camargo, Marcos César, Expedito Fagioni e Caulos
Direção: Paulo Araújo
Período de exibição: 15/03/1976-03/01/1982
Horário: às segundas, 21h 

- Charles (Roberto Azevedo), Sócrates (Stênio Garcia) e Gibinha (Clarice Piovesan), representantes de um planeta habitado por uma raça de símios superinteligentes, são enviados à Terra para investigar o comportamento dos homens e entender porque eles ainda não superaram problemas como a fome, a guerra e a poluição.
- Foi a partir dessa paródia do clássico Planeta dos Macacos, seriado de ficção científica norte-americano exibido pela TV Globo – que Max Nunes e Haroldo Barbosa conceberam, em 1976, o Planeta dos Homens, com o humor baseado em sátira de costumes, crítica social e paródia a programas de rádio e televisão. Era a continuação de um tipo de programa que eles próprios haviam criado com TV1-TV0Faça Humor, Não Faça Guerra eSatiricom.
- Os macacos inteligentes – caracterizados com máscaras criadas por Orival Pessini – tinham participação garantida em todos os programas. Sócrates, o filósofo do grupo, vivia constantemente intrigado com as contradições dos humanos. Ao assistir um anúncio na TV de um carro capaz de rodar à 180 km por hora, ele perguntava: “Mas as leis brasileiras não proibem que se dirija a mais de 80 km por hora?” Antes que alguém pudesse responder, Sócrates encarava a câmera e dizia: “Não precisa explicar. Eu só queria entender”. Já Charles, mostrando sinais de que estava evoluindo e, portanto, se tornando humano, passava cheques sem fundo e aplicava contos do vigário nos incautos.
- Um dos grandes sucessos do programa era o quadro estrelado por Kika (Clarice Piovesan) e Xuxu (Stênio Garcia). Ela, uma mulher fogosa e romântica que demandava atenção e carinho constantes. Ele, um trabalhador incansável que se via em apuros todas as vezes em que a mulher dizia: “Xuxu, apaga a luz”. O quadro fez tanto sucesso que, em 1978, se transformou em um programa independente: Kika e Xuxu.

Sátira política
Planeta dos Homens reestreou em março de 1977, com esquetes um pouco mais longos, cada um com dez minutos em média. A sátira política passou a fazer parte da receita do programa, já que a censura parecia estar afrouxando sua vigilância até então implacável.
- Naquele momento, já era possível se escrever coisas como, por exemplo, o quadro no qual um repórter entrevistava o diretor do Grêmio Recreativo Escola de Samba Aprendizes da Democracia. Apesar de garantir que a escola ensaiava muito, o diretor não sabia dizer ainda quando os foliões sairiam em desfile pela avenida.
- Em outro quadro, Paulo Silvino e Jô Soares eram os apresentadores completamente insanos de um telejornal, e faziam todo o tipo de piadas sobre a inflação e os custos de vida. 
Bordões 
Um dos personagens mais famosos do Planeta dos Homens nesse período era o do professor de mitologia Aquiles Arquelau (Agildo Ribeiro). Toda semana, o professor, confortavelmente instalado em uma cadeira, contava uma passagem mitológica aos telespectadores. Como se tratava de um tarado, não raro se desviava dos temas centrais de sua história para se deter em particularidades picantes, como a descrição física minuciosa de algumas escravas ou deusas. Também frequentemente inseria a imagem da atriz Bruna Lombardi, por quem era especialmente obcecado. Nesses momentos, era sempre interrompido pela campainha do mordomo (Pedro Farah), o que o levava a exclamar irritado: “Pára com essa campainha, sua múmia paralítica!”. O bordão, bem como o “Coisa horrorosa!” com que Arquelau pontuava suas frases fizeram muito sucesso.
- Outros bordões repetidos pelo público foram: “Quem mandou votar no homem” – quando alguém reclamava do custo de vida –; “Querias, mas não te dou”, “Não se pode elogiar”, "Perguntar não ofende" , “Não me comprometas” e “Lá vai barão!”, todos aludindo à situação econômica do país. Há ainda outras, como "Dá uma pegadinha" e "Eu perco logo a fala", ambas de Paulo Silvino.

Novos personagens
- Em 1979, um dos destaques do programa foi o Dr. Sardinha (Jô Soares), personagem que satirizava o então ministro Delfim Netto, que havia deixado a pasta do Planejamento e ficado com a da Agricultura. Por isso, o Dr. Sardinha estava sempre em dificuldades para lidar com os problemas apresentados pelos assessores, já que seus negócios eram os números. O resultado era hilariantes explicações sobre o bom funcionamento do ministério com argumentos malucos como: “Ora, o abacate não ‘abacateia’? Então o chuchu tem de ‘chuchuzar’. O abacaxi está ‘abacaxizando’ e a uva, ‘uvando’”.
- Na sua temporada em 1980, Planeta dos Homens voltou cheio de novos personagens. Agildo Ribeiro fazia um camelô politizado e um ecologista, enquanto Milton Carneiro e Jô Soares viviam D. Quixote e Sancho Pança.
- Jô Soares também era o Dr. Rafael, o cunhado de um político poderoso a quem todos viviam pedindo favores e que sempre dizia: “cunhado não é parente!”. Interpretava ainda o consultor sexual e o amigo do ingênuo Padilha (Martim Francisco), que era casado com um mulherão. Ele sempre o aconselhava a esquecer qualquer atividade e ir para casa usufruir das delícias do matrimônio. O quadro transformou o bordão “Vai pra casa, Padilha!” em um dos mais populares do programa.

Mudanças na redação
Planeta dos Homens reestreou em março de 1981 com uma equipe de redatores que não contava com nenhum integrante original. Haroldo Barbosa e J. Rui haviam morrido um ano antes. Max Nunes, Hilton Marques e Afonso Brandão foram escrever o novo programa de Jô Soares, Viva o Gordo.
- Coube a Luís Fernando Verissimo, Jésus Rocha, Alfredo Camargo, Marcos César, Expedito Fagioni e Caulos manter a identidade do programa até o seu final, em janeiro de 1982. Nesse período, os quadros passaram a ser precedidos por animações de dez segundos desenhadas por Caulos, que era cartunista.
- Os personagens mais marcantes dessa fase foram o Dr. Cabral – um assessor de políticos importantes que tinha o bordão “eu quero é chegar lá” – e o Professor Gabriel – especialista em dar explicações incompreensíveis aos seus alunos –, ambos vividos por Agildo Ribeiro.

Produção
Planeta dos Homens era um programa de esquetes curtos, com duração média de cinco minutos. Visualmente, era arrojado, com cenários constituídos de módulos em forma geométrica totalmente brancos, sem portas ou janelas, com alguns poucos elementos de cena.
- Os quadros eram gravados no Teatro Fênix, no Rio de Janeiro, diante de uma platéia. No início, chegou-se a gravar cenas externas – a maioria mostrando as explorações de Sócrates, Charles e Gibinha – mas logo o programa passou a ser todo gravado no estúdio.
- A abertura de Planeta dos Homens se tornaria uma das mais célebres da televisão brasileira: um homem-macaco colhia uma banana de um cacho e a descascava lentamente, revelando aos poucos a figura de uma bailarina (Wilma Dias). Um take do umbigo da moça foi considerado tão sensual que chegou a ser vetado pela censura. Depois, os papéis se invertiam e o macaco surgia de dentro da banana acenando. A sequência foi criada por Hans Donner. Segundo o designer, a abertura foi a primeira a chamar a atenção do público para as possibilidades da computação gráfica.
- Em março de 1977, o programa ganhou novas vinhetas e abertura. Dessa vez, o homem-macaco surgia de dentro de uma bola de futebol que era cortada ao meio por uma faca. Vestido com a camisa da Seleção Brasileira, ele dançava e fazia embaixadinhas sobre a bola. Do interior da bola também saíam uma macarronada e um cachorro-quente. Os poucos móveis que faziam parte dos cenários foram substituídos por módulos brancos.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial