quarta-feira, 18 de maio de 2011

1991

Os donos da rua

 

Graças a precursores no início da década de 70 como Melvin Van Peebles e Gordon Parks, alguns cineastas afro americanos surgiram no cinema comercial. Entre eles, Robert Townsend e Spike Lee merecem destaque, cada qual produzindo brilhantes dramas cômicos sobre a condição dos negros nos Estados Unidos. Mas foi a estréia autobiográfica de John Singleton, Os donos da rua,  em 1991, que apresentou à crítica uma assim chamada voz cinematográfica dos negros americanos. Pelo seu feito, Singleton recebeu duas indicações ao Oscar e o seu filme foi um sucesso inesperado que rendeu à Columbia Pictures um lucro impressionante.

O drama de Singleton, que começa na esteira dos jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984, conta a história de três meninos de 10 anos de idade, Tre, Doughboy e Ricky. Criados por pais separados, eles vivem em um mundo despedaçado pela violência das gangues, a brutalidade da polícia e dificuldades econômicas. Quando a mãe de Ter, Reva, o desova na porta de seu pai, Jason “furioso”, ele recebe uma drástica lição da masculinidade e torna-se um adolescente disposto a subir na vida.

O filme avança sete anos mais tarde. Tre (agora interpretado por Cuba Gooding Jr.) está no último ano do colégio, trabalha meio expediente, deseja entrar em uma faculdade historicamente negra e namora uma moça chamada Brandi. Doughboy (Ice Cube) é um vagabundo membro de uma gangue que tira partido da paciência de sua mãe, a Sra. Baker, enquanto seu irmão Ricky treina, apostando em um contrato para a 1º divisão de futebol americano universitário. Mesmo tentando sair daquela vizinhança, Tre continua ligado aos seus amigos do bairro. Quando os marginais do bando de Doughboy ameaçam o trio, Ricky acaba morrendo, assassinado por uma gangue. Depois disso Tre encara o sábio treinamento de seu pai e consegue evitar os erros de seu mundo tiranizado. No final, ele escapa da armadilha da pobreza e violência e vai para a faculdade com Brandi.

Pedante, mas sabiamente orquestrado como um retrato comovente da violência intra-racial do subúrbio americano, Os donos da Rua é uma fábula com moral difícil de esquecer, voltada para a mesma juventude que é representada na tela. Após uma dedicatória preocupante, lembrando aos espectadores a quantidade de jovens negros assassinados por outros jovens negros, o filme deslancha em uma história de rito de passagem para a idade adulta realista, carregada de palavrões e comovente.

Memorável por se também a estréia do rapper Ice Cube nas telas, o filme de Singleton exibe plena consciência das convenções de Hollywood em sua narrativa e demonstra uma genuína afeição pela influência do hip-hop. Estruturado em três atos bem distintos e com inclinação clara a uma moralização generalizada, o filme mostra artistas de sucesso que contribuíram para trilha sonora, tornando Os donos da rua o êxito de uma carreira.

Apesar de investidas ocasionais em projetos maiores, Singleton lutou para repetir seu sucesso inicia. A importância artística de sua estréia pode até ser desprezada pela ausência de genialidade subseqüente. Mas a relevância extaordinária de  Os donos da rua  não pode ser ignorada se o considerarmos a orgiem de uma onda de dramas centrados em bairros negros que inundou as telas nos ano 90.

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